2023
16 apresentações
Mestres do Tempo é um espetáculo de teatro com formas animadas e canções que trata de histórias de pescadores e pescadoras artesanais de Santa Catarina. A dramaturgia, criada a partir de uma viagem de bicicleta das duas atrizes por 700 km do litoral catarinense visitando vilas de pescadores, tem o intuito de honrar as histórias a elas confiadas, que dentre outras coisas, nos fazem lembrar que somos parte da natureza.
Mestres do Tempo é um espetáculo de teatro com formas animadas e canções que trata de histórias de pescadores e pescadoras artesanais de Santa Catarina. A dramaturgia, criada a partir de uma viagem de bicicleta das duas atrizes por 700 km do litoral catarinense visitando vilas de pescadores, tem o intuito de honrar as histórias a elas confiadas, que dentre outras coisas, nos fazem lembrar que somos parte da natureza.
Em cada parada, surpresa com a coragem das duas e o motivo da aventura, mas também muita hospitalidade e desejo de ajudar. ‘Tivemos a sorte de encontrar na Barra de Laguna vários pescadores pescando em cooperação com os botos. Eles nos receberam muito bem e foram extremamente generosos ao expor a história de luta pela preservação dos botos”, contam as atrizes, que lembram com carinho de Dona Naca, em Canto dos Ganchos, que as convidou para dormir em sua casa e presenteou com um santo para protegê-las na viagem.
“O que mais nos impressionou é o conhecimento ancestral acerca das luas, das marés, da relação entre o que tem na terra e o que tem no mar. O tempo de cada semeadura e colheita e também o tempo de migração dos peixes. A leitura que fazem dos ciclos da natureza é impressionante”, afirmam elas.
Dos 24 pescadores entrevistados, apenas sete, por uma questão de recorte narrativo, foram selecionados para serem personagens do espetáculo, ao quais Angela e Prika darão vida com seus corpos e com o uso de bonecos. O veterano Silvestre Ferreira dirige a montagem com dramaturgia construída a várias mãos, mas cuja versão final é do escritor e crítico de teatro Marco Vasques, ele mesmo um apaixonado pela pesca. A viagem de bicicleta aparece no roteiro, mas as estrelas são os pescadores e pescadoras. “Estamos tendo o cuidado de honrar as histórias que nos foram contadas, sem deixar de dar espaço para a fantasia. Alguns pequenos fragmentos são imaginados a partir das histórias, mas existe uma preocupação em ser fiel ao universo da pesca artesanal de Santa Catarina”, afirma Prika.
No universo caleidoscópico da criação teatral, onde os fios da realidade se entrelaçam com a fantasia, a visão singular de Fábio Nunes Medeiros se destaca. Como diretor de teatro e pesquisador em dramaturgia visual e teatro de animação, ele é o artífice por trás das redes que vestem a essência do espetáculo com cenários, bonecos e figurinos que narram as crônicas silenciosas do mar.
Com base nos registros fotográficos e em vídeos capturados pelas atrizes em sua incursão etnográfica, Fábio Medeiros constrói um cenário que evoca a geografia e o sentimento das colônias de pesca do litoral catarinense. É uma homenagem à terra e ao mar, um convite para que o público sinta o pulsar da vida nas veias dessas comunidades.
Os bonecos de manipulação direta criados por Fábio Medeiros carregam em si a essência dos pescadores e pescadoras cujas vidas foram gentilmente emprestadas à narrativa. Fábio transfere para os bonecos esculpidos em espuma os traços dos homens e mulheres do mar. Um pedaço de identidade, a autenticidade e a força de uma cultura moldada pelas marés.
Os bonecos de manipulação direta criados por Fábio Medeiros carregam em si a essência dos pescadores e pescadoras cujas vidas foram gentilmente emprestadas à narrativa. Fábio transfere para os bonecos esculpidos em espuma os traços dos homens e mulheres do mar. Um pedaço de identidade, a autenticidade e a força de uma cultura moldada pelas marés.
Prika iniciou seu processo criativo com uma imersão total nas narrativas coletadas pelas atrizes. As histórias de vida, as lutas diárias, os sucessos e as dificuldades dos pescadores artesanais, cada elemento foi absorvido e refletido em sua música. O processo de composição foi, de certa forma, um ato de escuta ativa, onde as palavras não ditas foram tão importantes quanto as histórias contadas.
Uma das premissas essenciais do espetáculo é a lembrança de nossa conexão intrínseca com a natureza, e essa ideia permeia toda a trilha sonora. Prika procurou elementos musicais que evocassem o som do mar, o sopro do vento e o canto dos pássaros. As melodias e harmonias compostas procuram refletir o ritmo natural dos ambientes visitados, criando uma simbiose entre a música e o mundo natural que é tema da peça.
No coração da trilha sonora de “Mestres do Tempo”, a compositora Prika Lourenço escolheu uma paleta instrumental que funde o orgânico com o moderno, refletindo a mescla entre a tradição e a contemporaneidade das histórias apresentadas. O violão, com suas cordas vibrantes, traz a textura e a intimidade das vilas de pescadores, enquanto o piano oferece sua ressonância emocional, pontuando a narrativa com profundidade e sutileza.
Os sintetizadores entram como um contraponto, adicionando uma dimensão moderna e inovadora à trilha. Com eles, Prika infunde atmosferas e texturas que complementam a sonoridade acústica, criando um ambiente sonoro que é ao mesmo tempo reconfortante e surpreendente. Essa combinação habilidosa permite que a trilha transite fluídamente entre o passado e o presente.
Através dessa seleção de instrumentos, a trilha sonora de Prika Lourenço abraça a organicidade das histórias e as raízes culturais do litoral catarinense, ao mesmo tempo que incorpora elementos modernos, refletindo a constante evolução da vida dos pescadores e pescadoras. A música se torna uma expressão de tempo e espaço, onde o antigo e o novo coexistem em harmonia, dialogando com as múltiplas camadas da experiência humana.
O processo de criação da trilha não foi um trabalho solitário. Prika trabalhou em estreita colaboração com de Angela Finardi e com o diretor Silvestre Ferreira, garantindo que cada nota e cada pausa estivessem em harmonia com os elementos visuais e narrativos da peça. A música foi construída para dialogar com as formas animadas e as canções interpretadas pelas atrizes, criando um tecido integrado de expressões artísticas.
A cada acorde, a trilha sonora de “Mestres do Tempo” carrega consigo a emoção das histórias confiadas às atrizes. Prika conseguiu, com sua sensibilidade e técnica, compor uma trilha que não apenas acompanha a narrativa, mas a eleva, trazendo uma dimensão adicional de profundidade e sentimento ao espetáculo. A música atua como uma narradora silenciosa, que guia o público através das emoções e vivências dos personagens.
No universo caleidoscópico da criação teatral, onde os fios da realidade se entrelaçam com a fantasia, a visão singular de Fábio Nunes Medeiros se destaca. Como diretor de teatro e pesquisador em dramaturgia visual e teatro de animação, ele é o artífice por trás das redes que vestem a essência do espetáculo com cenários, bonecos e figurinos que narram as crônicas silenciosas do mar.
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